The New Abnormal

07 setembro 2020



Eu não tenho nenhuma foto legal pra postar, então fica aqui uma foto das máscaras que minha mãe talentosa costurou durante a quarentena. Também não tenho nada de interessante pra dizer, nenhuma novidade pra contar (em parte porque elas já aconteceram há tanto tempo que novidade seria exagero), mas a vontade de postar bateu e cá estamos.

2020...

Eu passei a virada do ano super empolgada ouvindo Vampire Weekend, dançando sozinha. Fiz meu exame teórico para tirar a carteira de motorista em Portugal, porque queria me dedicar a motocross. Ingressos pros shows do DIIV, NOS Alive '20 e Bon Iver comprados. Fazendo planos pra viajar com a minha irmã pra qualquer lugar que fosse. Ia tirar uns meses de folga antes de começar emprego novo.

Fevereiro meu pai tinha ido pro norte da Itália. Pouco depois dele voltar começaram a chegar notícias de um foco de covid-19 em Lombardia. Final de Fevereiro já tava um caos. Começo de Março os primeiros casos diagnosticados em Portugal. Algumas semanas depois a declaração de estado de calamidade seguido pelo estado de emergência. Mercado que só tinha slot pra entrega a domicílio pra 1 mês e meio depois e boa sorte achar comida disponível. Qualquer tipo de álcool-gel, dettol ou máscara impossíveis de se encontrar. Aquela paranóia toda vez que alguém tossia ou espirrava em plena época de alergias. Lisboa virou uma cidade fantasma.

De lá pra cá as coisas voltaram ao máximo de normalidade possível, considerando a pandemia. Máscara obrigatória pra ir a qualquer canto, lotação reduzida, 2 metros de distância nas filas que de preferência ficam do lado de fora dos estabelecimentos. Mas pra ser sincera é tanta coisa junta que a vontade de sair de casa a não ser quando necessário é... nula?



Seis meses disso e admito que mentalmente tá sendo terrível. Saudades de poder passear quando desse na telha, caminhar só por caminhar, ir a qualquer lugar pra acalmar as ideias. Mesmo sabendo que teoricamente eu posso, eu não consigo. Preguiça? Paranoia? Justificável ou não? A vida vai voltar ao normal tão fácil assim quando finalmente chegarem as vacinas?

Sei que comparado com o que outras pessoas tão passando, isso não é nada, e eu tô bem consciente da sorte que eu tenho, mas puta mierda dois mil e vinte.

Como procurar algo de bom até mesmo no caos é importante, o período de introspecção forçada e isolamento social não significou só o deterioramento da minha sanidade mental. Rolaram umas reviravoltas e umas reavaliações de que o que eu realmente quero pro meu futuro. Um reencontro com as prioridades que sempre tive, mas que em algum momento deixei de lado.

Aquela historinha bem clichê de que olhar pro seu presente pelos olhos da sua infância. De lembrar do que/quem você queria ser naquela época, e começar a traçar planos pra se tornar aquela pessoa. Ou talvez eu tenha passado tempo demais ouvindo Sufjan Stevens nessa quarentena e esteja só doida mesmo.

Em 2021 a gente vê no que dá.

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